quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Chega de ser condescendente

Já faz muito tempo que me cansei das desculpinhas que escuto: pô cara, tô trabalhando; mas é rapidinho; mas não tem nenhum deficiente usando; mas não tem outro lugar pra parar; mas é assim que funciona, todo mundo faz assim... e outras mais...

Ontem, quando eu caminhava, encontrei exatamente 6 (seis) veículos parados sobre a calçada ou passeio público. Um dos veículos era um caminhão, com tijolos, obstruindo completamente a calçada e forçando os pedestres a caminhar pela rua. Qual foi a resposta do motorista quando questionado sobre a função da calçada? "Pô cara, tô trabalhando". E? Quer dizer que pra VOCÊ trabalhar os demais seres vivos do planeta podem morrer, certo? Quer dizer que pra você ir ao banco ou comprar qualquer coisa em uma loja o resto do mundo deve parar. Não importa se uma ambulância quer passar ou um carro de polícia precisa atender uma emergência, naquele "minutinho" o resto do mundo não importa.

Senhoras, senhores, vocês precisam da doutrina anarquista. Ou então vamos começar a respeitar leis. O que não podemos é nos valer das leis somente quando elas nos são úteis. Quando nos convém fazemos "vista grossa" para as leis que regem determinada situação. Em outras, vamos atrás "dos nossos direitos".
Acham um absurdo quando policiais são mostrados recebendo suborno ou tentando extorquir quem quer que seja. Mas quando é parado por fazer algo errado, sempre tenta dar um "jeitinho" com a "autoridade".

Chega desse cinismo ridículo, essa pose de indignado não cola mais. O Brasil só é como é por culpa dos brasileiros. Essa maldita mania de querer ser malandro. De achar que ser correto é ser otário.

"Pior do que achar normal ser errado, é considerar burrice ser correto." - atribuída a Allan Rodrigo de Oliveira.

Essa frase resume bem o que eu penso. O Brasil passou da fase de achar normal ser errado (consagrada por figuras como Adhemar de Barros e Paulo Maluf - rouba mas faz) e entrou na triste linha de achar burrice ser correto.

Mas todo mundo rouba, sonega, faz tramóia. Todo mundo o cacete! Tem muita gente honesta. Tem muita gente que não pára em local proibido, nem por um minutinho. Mas tem muita gente que anuncia para todos os cantos que é isso ou aquilo, mas quando é pra si, esquece o que prega. Convivi com gente assim bem de perto. Chega de dois pesos e duas medidas.

Passou da hora de nos indignarmos e rompermos com essa postura ridícula de aceitar o ilegal, da lei "pegar ou não pegar", de dar um jeitinho, fazer "vista grossa" e coisas do gênero.

Chega!

domingo, 8 de novembro de 2009

Caso Uniban

Prometo solenemente não tocar no assunto. Nunca mais.

Eu não pretendia dar mais volume ao incidente da Uniban. Não acho que mereça. Nem defesa e nem ataque. Porém a hipocrisia da direção da Uniban e o comentário inspirador de Milton Jung (http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/miltonjung/2009/11/08/expulsao-e-incompativel-com-ambiente-da-universidade/) resolvi escrever umas poucas palavras sobre essa bagunça toda.

Em primeiro lugar já vi gente em piores vestes em situações muito mais inapropriadas. Se a aluna quer chamar atenção (e conseguiu) o problema é dela. As mesmas pessoas que a hostilizaram são as que discutem novelas, assistem o Gugu, Faustão e similares mostrando outras mulheres em situações muito mais embaraçosas, literalmente ganhando a vida explorando os atributos físicos (Melão, melancia, jaca, samambaia e demais). Portanto, falsos moralistas, chega de hipocrisia.

O outro lado da notícia: como bem comentou Milton Jung, a moça não parece tão constrangida assim. Parece mais estar interessada em seus minutos de celebridade (?!?!?!).

Por ocasão dos fatos entrevistaram uma outra estudante da mesma universidade que foi agredida por "furar" uma greve. Mostraram as imagens do carro sendo destruido, a moça sendo agredida. Ela não mostrou o rosto. Teve medo. Eu também teria.

Que caso é mais grave? Ambos estão relacionados com as liberdades individuais, certo? Porém eu não ouvi uma só palavra sobre a estudade fisicamente agredida. Já a moça do vestido, não saiu da mídia, inclusive várias "celebridades" propondo passeata (?!?!?!?!) em defesa do uso de mini-vestido pink.
Não tenho nada contra o vestido e sim contra essa patética mobilização. Tem tanta coisa mais importante acontecendo. O caso do lançamento do livro sobre a Família Sarney, por exemplo. Os babacas que criaram uma conta no Twitter pra apontar onde estão as barreiras de fiscalização da Lei Seca no RJ. E com o apoio de "celebridades".

Enquanto isso e muito mais acontece, discute-se a explusão da estudante da Uniban. Sério, por mim, podem fechar a Uniban, expulsar TODOS os alunos, exigir o uso de uniformes, não importa. O problema é que mais uma vez estão atacando o efeito e não a causa. E dando importância aos fatos menos relevantes...