Ultimamente há um culto à ignorância, à infâncias sofridas, à dificuldades em geral. Num esforço gigantesco de aumentar artificialmente a importância de algumas pessoas e justificar injustificáveis. É quase crime, no Brasil ao menos, ser inteligente, estudar e ser bem sucedido sem se ter crescido em uma comunidade pobre, em condições precárias e sem grandes perspectivas. Sinceramente, valorizo as pessoas que lutaram e conquistaram. Acho louvável o fato de alguém ter estudado e melhorado, mesmo que tudo apontasse para outro caminho. Não é esse o problema.
A questão é que o mundo "emburreceu"! Pessoas inteligentes são chatas. As pessoas não querem discutir política, ainda que a vida delas seja diretamente influenciada pelas decisões tomadas por vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidente, ministros... Algumas das pessoas que você conhece, que estudaram com você em algum período da sua vida, que trabalharam com você, não querem conversar sobre a necessidade de se diminuir o consumo de energia, plásticos, combustíveis. Mas estas mesmas pessoas acompanham e sabem tudo sobre o BBB, a novela, o time de futebol e essas coisas realmente mais "relevantes".
Como escreveu Marcelo Lapola (@marlapola) para uma coluna: "A inteligência e seus labirintos trazem angústia, desampara. O asno não. Esse é bem-vindo. A burrice alivia, porque faz com que o outro burro se console com a burrice alheia." Pare e pense como isso faz sentido. Observe como "humorísticos" como "Zorra Total" transbordam personagens burros. Obviamente não é porque os atores são imbecis, muito pelo contrário. É a burrice aliviadora. Faz o burro se sentir menos burro.
Já se perguntou por quê programas como o do Ratinho, Netinho, Marcia e similares, que expõem os conflitos familiares, traições, promiscuidade e correlatos tem bons índices de audiência? Você poderia responder que é porque mostra a realidade de boa parte da população e eles se identificam com isso. Tudo bem, pode ser, mas na verdade é porque é mais fácil se conformar com a "realidade" do que lutar e mudar. É mais fácil aceitar que aquela é sua vida. E é ai que mora o grande problema: o nível é demasiadamente baixado. Aí basta o cidadão compor uma "música" que faça "sucesso" para ser exemplo a ser seguido.
Certa vez assisti um pequeno trecho de uma entrevista da Tati Quebra Barraco (???) no programa da Luciana Gimenez (???) onde a "cantora" dizia que as pessoas tem muita inveja dela. Francamente, inveja? Eu sinto pena. Vejam que o simples fato da moça ter ganho uns trocados e aparecido na TV faz com que ela se torne um exemplo a ser seguido. O mesmo vale para o Lula, Tiririca, Lacraia, a menina do BBB que cantou "Iarnuou" e tantos outros. Jogadores de futebol, não posso me esquecer.
Mas e o casal Obama? Chegaram onde chegaram porque são negros? Porque passaram por dificuldades quando eram jovens? Ou porque não aceitaram o "destino", estudaram (ambos se graduaram em mais de um curso superior) e se destacaram profissional e pessoalmente?
Entendeu a diferença? Não? Você está lendo o Blog errado. Desculpa.